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sábado, 10 de dezembro de 2011

451 - CODIFICAÇÃO DA MEMÓRIA

Por Richard C. Mohs, Ph.D. - traduzido por HowStuffWorks Brasil
http://saude.hsw.uol.com.br/memoria-humana1.htm

A codificação é o primeiro passo na criação da memória. É um fenômeno biológico, enraizado nos sentidos, que começa com a percepção. Considere, por exemplo, a memória da primeira pessoa pela qual você se apaixonou. Quando você conheceu essa pessoa, seu sistema visual provavelmente registrou as características físicas, como a cor dos olhos e dos cabelos. O sistema auditivo pode ter captado o som de sua risada. Você provavelmente observou o perfume. Você pode até ter sentido o toque de sua mão. Cada uma dessas sensações isoladas viajou para uma parte de seu cérebro chamada hipocampo, que integrou essas percepções conforme foram ocorrendo em uma única experiência - sua experiência com aquela determinada pessoa.

Os especialistas acreditam que o hipocampo, juntamente com outra parte do cérebro chamada de córtex frontal, é responsável por analisar essas diversas entradas sensoriais e decidir se vale a pena lembrar delas. Se valerem a pena, elas podem se tornar parte de sua memória de longo prazo. Conforme indicado anteriormente, essas diversas partículas de informação são, então, armazenadas em diferentes partes do cérebro. Contudo, ainda não se sabe como essas partículas de informação são identificadas e recuperadas depois para formar uma memória coesa.

Embora a memória comece com uma percepção, ela é codificada e armazenada utilizando o idioma da eletricidade e das reações químicas. Funciona da seguinte maneira: as células nervosas se conectam com outras em um ponto chamado sinapse. Toda a ação do cérebro ocorre nessas sinapses, em que pulsos elétricos que carregam mensagens atravessam espaços entre as células.


A descarga elétrica de um pulso entre os espaços dispara a liberação de mensageiros químicos chamados neurotransmissores. Esses neurotransmissores se espalham nos espaços entre as células, conectando-se às células próximas. Cada neurônio pode formar milhares de conexões como essa, fornecendo a um cérebro normal cerca de 100 trilhões de sinapses. As partes dos neurônios que recebem esses impulsos elétricos são chamadas de dendritos, pontas aplumadas dos neurônios que encostam nos neurônios próximos.

As conexões entre os neurônios não são estabelecidas de forma concreta, pois elas mudam o tempo todo. Os neurônios trabalham juntos, em rede, organizando-se em grupos que se especializam em diferentes tipos de processamento de informação. Conforme um neurônio envia sinais para outro, a sinapse entre os dois se torna mais forte. Quanto mais sinais enviados entre eles, mais forte fica a conexão. Assim, com cada nova experiência, o cérebro altera um pouco sua estrutura física. Na verdade, a forma como você utiliza seu cérebro ajuda a determinar como ele é organizado. É essa flexibilidade - que os cientistas chamam de plasticidade - que pode ajudar o cérebro a se reestruturar caso seja danificado.

Conforme você aprende e experimenta, o mundo e alterações que acontecem nas sinapses e nos dendritos, mais conexões são criadas em seu cérebro. O cérebro se organiza e se reorganiza em resposta às suas experiências, formando memórias disparadas pelos efeitos das entradas impulsionadas pela experiência, pela educação ou pelo treinamento.

Essas alterações são reforçadas com o uso, para que conforme você aprenda e pratique as novas informações, circuitos intrincados de conhecimento e memória sejam criados no cérebro. Se você tocar uma parte de uma música diversas vezes, por exemplo, o disparo repetido de determinadas células em uma determinada ordem em seu cérebro torna mais fácil repetir esse mesmo disparo posteriormente. Resultado: você toca a música cada vez melhor. Você poderá tocá-la mais rápido e com menos erros. Se praticá-la tempo suficiente, você a tocará perfeitamente. E se você parar de praticá-la por muitas semanas e depois tentar tocá-la novamente, poderá perceber que o resultado não é mais perfeito. Seu cérebro já começou a esquecer o que você algum dia já conheceu muito bem.

Para codificar apropriadamente uma memória, primeiro, você deve estar prestando atenção. Uma vez que não se pode prestar atenção a tudo o tempo todo, a maior parte do que você encontra todos os dias é simplesmente filtrada, e somente alguns estímulos passam para sua consciência. Se você se lembrasse de qualquer coisinha que já observou, sua memória ficaria cheia até mesmo antes de sair de casa de manhã. O que os cientistas não sabem ao certo é se os estímulos são selecionados durante o estágio da entrada sensorial ou somente após o cérebro processar seu significado. O que temos que saber é se a forma como você presta atenção às informações pode ser o fator mais importante em relação ao quanto daquela situação você se lembra.

A próxima seção oferece detalhes sobre como as informações são armazenadas na memória de curto prazo e na memória de longo prazo.

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