Páginas

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

475 - CASABLANCA

Um dos filmes mais emblemáticos da história do cinema, Casablanca, encontra-se intimamente relacionado com o xadrez. Sobre este filme eu não preciso falar muito. É um clássico que sempre será visto. Vejam a riqueza de detalhes pesquisados para esta postagem.


Em uma das cenas mais importantes do filme, o ator principal - Humphrey Bogart - aparece diante de um tabuleiro de xadrez, ou bem jogando, ou bem analisando uma determinada posição.


Essa posição corresponde à Defesa Francesa, como se de uma premonição se tratasse. Ainda que para Bogart e Bergman "sempre haverá Paris", no final ele fica sem ela, ainda que - isso sim, bem acompanhado por sua francesa.


A opinião geral é que o xadrez era só um passatempo durante as rodagens de Casablanca, filme que Michael Curtiz dirigiu em 1943, já que - fora da câmara - Claude Rains, Humphrey Bogart e Paul Henreid o praticavam assiduamente.


Entretanto, o xadrez aparece em uma das cenas principais, no começo da fita, quando Ugarte (Peter Lorre) tenta falar no Café Américain com Rick Blaine (Bogart). A cena foi incluida por sugestão do mesmo Bogart.


Uma imagem inspirada nesta cena foi utilizada como base para o cartaz publicitário do filme destinado à França, ainda que substituindo Ugarte pelo senhor Ferrari (Sydney Greenstreet), o volumoso chefe do mercado negro, cujo cigarro rodeia de fumaça o rosto circunspecto de Ilsa Lund (Ingrid Bergman).


Inclusive "em um rascunho do roteiro de Casablanca, Rick e Renault jogam xadrez enquanto decola o avião de Victor e Ilsa." [Frank Miller: "Casablanca as time goes by... 50th Anniversary commemorative", Turner Publishing Inc., Atlanta 1992, página 137.]


Tudo isso parece indicar que o xadrez cumpre sutilmente certa função semântica neste filme já imortal, posto que em uma obra de arte todo detalhe é potencialmente significativo. Nos demoremos na cena inicial no Café, examinemos a situação do filme e a comparemos com a situação das peças no tabuleiro de xadrez.


Rick está só em frente ao tabuleiro. Não joga, mas parece estar analisando uma posição presumivelmente delicada, difícil ou chave (ninguém dedicaria muito tempo em uma posição óbvia, que requer lances fáceis). Já é algo chamativo que Rick se encontre sentado do lado das pretas, pois o habitual é que se analise do lado branco, e que todas as publicações enxadrísticas reflitam esta convenção.


Sempre haverá Paris e sempre haverá a dupla Ingrid Bergman e Humphrey Bogart para relembrar este clássico filmado e ambientado durante a Segunda Guerra. Casablanca se passa justamente na porção francesa do Marrocos, governada pelos colaboracionistas de Vichy, por onde passavam todos aqueles que almejavam fugir da guerra em direção aos Estados Unidos. Em tempos de Oscar, vale dizer que Casablanca ganhou como melhor filme, diretor e roteiro em 1943, em plena guerra.
 
Além de refugiados e membros da resistência, a cidade de Casablanca ficava, naquela época, repleta de nazistas e oportunistas de plantão. É nesse clima que Ilsa Lund (Ingrid Bergman) e Rick Blaine (Humphrey Bogart) se reencontram e relembram a Paris de antes da guerra e que Rick tem que optar em socorrer seu rival Laslo, líder da resistência tcheca em fuga dos nazistas, ou revidar por ter sido deixado o Ilsa no passado. Em um dos vários diálogos memoráveis, Ricky pergunta ao inspetor de polícia por que salvaria Laslo. Sabiamente, o policial responde: “Porque atrás dessa sua cara cínica, há um sujeito sentimental”. E é desse sentimentalismo irônico que eu mais gosto no filme.
 
Ao som da eternizada As Time Goes By, o filme se desenrola com diálogos bem humorados e cenas inesquecíveis. Lançado em plena Segunda Guerra, imagino que os espectadores da época tenham ficado sem saber como tudo terminaria de fato – àquela altura do campeonato, não se tinha ideia do que ia acontecer com a Europa e com o mundo e o final do filme sugere uma certa incerteza quanto ao futuro dos personagens. Mesmo sabendo do desfecho da guerra e dos anos que se seguiram, até hoje, quando assisto à última cena, também me pergunto o que terá sido de todos eles. Um golpe de mestre do diretor Michael Curtiz em meio ao nevoeiro.
 
Elenco:
Humphrey Bogart como Richard Blane
Ingrid Bergman como Ilsa Lund Laszlo
Paul Henreid como Victor Laszlo
Claude Rains como capitão Louis Renault
Conrad Veidt como major Heinrich Strasser
Sydney Greenstreet como Senor Ferrari
Peter Lorre como Ugarte
Madeleine LeBeau como Yvonne
Dooley Wilson como Sam



Prêmios e indicações

Óscar de:
Melhor filme Warner Bros. (Hal B. Wallis, Produtor) Venceu
Melhor diretor Michael Curtiz Venceu
Melhor ator Humphrey Bogart Indicado
Melhor roteiro adaptado Julius J. Epstein, Philip G. Epstein e Howard Koch Venceu
Melhor ator coadjuvante Claude Rains Indicado
Melhor fotografia Arthur Edeson Indicado
Melhor edição Owen Marks Indicado
Melhor Trilha sonora Max Steiner Indicado

Curiosidades
Em 1989, o filme foi selecionado para preservação no Registro Nacional de Filmes dos Estados Unidos sendo considerado "culturalmente, historicamente ou esteticamente significativo".

Em 2005 foi nomeado um dos 100 melhores filmes dos últimos 80 anos pela Time.com (os filmes selecionados não foram classificados).

Em 2006, o Writers Guild of America, West votaram o roteiro de Casablanca o melhor de todos os tempos na sua lista dos "101 Greatest Screenplays".

O filme foi reconhecido várias vezes pelo American Film Institute em muitas de suas listas.


Fontes pesquisadas:
http://cinegarimpo.com.br/casablanca/ 
http://www.65anosdecinema.pro.br/1474-CASABLANCA_(1942)
http://members.fortunecity.com/marcelomoraes/casablanca.htm
http://www.adorocinema.com/filmes/casablanca/trailers-e-imagens/#11895
http://pt.wikipedia.org/wiki/Casablanca_(filme)

Nenhum comentário: