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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

511 - THE KILLING 1956 (STANLEY KUBRICK)

O Grande Golpe (1956) – Projeto Stanley Kubrick
Um filme de outra nacionalidade, quando chega ao Brasil ou Portugal, por exemplo, sofre uma mudança de identidade. A tradução ou adequação do filme ao contexto local, mudam profundamente o título do filme. É o caso de The Killing, de Staley Kubrick que na minha pesquisa encontrei vários títulos como: "O Grande Golpe", "A matança", e "Um roubo no hipódromo".

Embora seja o terceiro longa do diretor, O Grande Golpe (The Killing, 1956) é considerado o filme que, de fato, lançou Stanley Kubrick em Hollywood, e o próprio considera este seu primeiro trabalho realmente profissional. Ele e seu parceiro, o produtor James B. Harris, compraram os direitos de adaptação do livro Clean Brake, de Lionel White, e fizeram um acordo com a United Artists para a produção: o estúdio ofereceu um orçamento de U$ 200 mil, e Harris entrou com U$ 80 mil do próprio bolso e mais U$ 50 mil do pai. O baixo valor não seria problema para Kubrick que, afinal, já havia feito dois longas com muito menos dinheiro.

O Grande Golpe narra a história de um grupo de homens e o ousado assalto a um hipódromo, no dia de uma corrida muito importante. O líder da gangue é Johnny Clay (Sterling Hayden), que arquiteta um meticuloso plano, executado estrategicamente, quase como um jogo de xadrez (xadrez, aliás, que sempre foi uma das grandes paixões de Kubrick), cobrindo todas as arestas para que o assalto seja um crime perfeito.

O maior trunfo do filme é sua narrativa não-linear, herdada do livro e espertamente mantida por Kubrick na edição. O filme chegou a ser muito criticado, por causa dessa estrutura não-linear que, apesar de não ter sido usada pela primeira vez aqui, não era comum na época, e pegou desprevenido um público acostumado com narrativas mais simples. Porém, o longa serviu para fazer com que Kubrick passasse a ser conhecido como um novo diretor a se prestar atenção, chegando a ser comparado, pela revista Time, a Orson Wells e seu Cidadão Kane (a influência deste em O Grande Golpe é clara).

O Grande Golpe é desses filmes que passam voando, graças à trama interessante e coesa, que consegue prender a atenção do início ao fim (e que fim!). A impressão que se tem é que o longa não tem nem uma cena sobrando, que tudo ali é essencial para a história, sem enrolação. Se a narrativa não-linear já havia sido utilizada antes, Kubrick inaugurou uma forma diferente de conta a história: mostrando o mesmo fato por diversos pontos de vista, de forma que o quadro completo da história só pode ser entendido após a união destes pontos de vista.

Embora seja apenas o segundo filme de Kubrick, já é possível visualizar várias características autorais, que viriam a marcar toda a sua obra, como o extremo perfeccionismo do diretor, e seu rigor estético. A própria temática do filme já esboça aquela que seria a visão do diretor em toda a sua obra: a imperfeição do ser humano. Kubrick sempre preferiu mostrar o lado negro do homem, seu lado frio, vil, obscuro. E aqui não é diferente.

O Grande Golpe pode não ser ainda a obra-prima de Stanley Kubrick (apesar de haver quem o considere seu melhor filme), mas já demonstra muito do que ele viria a ser mais à frente. E, mais que isso, já evidencia a existência de um diretor que, embora ainda em formação, é melhor do que muitos realizadores já estabelecidos.



The Killing (1956)
É um filme do cineasta Stanley Kubrick baseado no romance Clean Break de Lionel White. O film noir descreve os esforços de Johnny Clay (Sterling Hayden) e um time reunido para roubar um hipódromo. O uso de uma cronologia não-linear e multiplos pontos de vista influenciou muitos cineastas posteriores, tais como Quentin Tarantino.[1] Quando os executivos do estúdio viram o filme completo pela primeira vez, afirmaram que a película não fazia sentido e que nenhuma audiência iria permanecer sentada até o fim da história, devido a sua falta de linearidade. O diretor reeditou o filme até descobrir que a chave para contar a história era mantê-la da forma que ela estava no livro, e da forma com que fora inicialmente editada. O filme credita o escritor Jim Thompson com "diálogos adicionais", embora haja algumas questões tais como se os créditos descrevem com justiça a extensão das contribuições de Thompson ao roteiro. (Thompson foi totalmente creditado como co-escritor no filme seguinte de Kubrick, Paths of Glory).

Sinopse
Quando o ex-presidiário Johnny Clay (Sterling Hayden) diz que tem um grande plano, todos querem participar. Especialmente quando o plano é roubar 2 milhões de dólares em um esquema "ninguém vai se machucar". Mas, apesar do planejamento cuidadoso, Clay e seus homens se esquecerem de uma coisa: Sherry Peatty (Marie Windsor), uma garota ambiciosa e traiçoeira que está planejando um grande golpe só seu... mesmo que para isso ela precise acabar com toda a gangue de Clay! Dirigido com uma revolucionária técnica de narrativa pelo lendário Stanley Kubrick, The Killing é tenso, inflexível e um dos maiores suspenses sobre crimes de todos os tempos!

Produção
Direção Stanley Kubrick
Roteiro Stanley Kubrick, Jim Thompson (diálogos adicionais), Lionel White (o romance Clean Break)
Elenco original: Sterling Hayden, Coleen Gray, Vince Edwards, Jay C. Flippen, Elisha Cook Jr., Marie Windsor
Género Film Noir, Crime, Drama, Suspense, Aventura
Idioma original Inglês

Fontes

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