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domingo, 9 de setembro de 2018

XADREZ ESCOLAR, PROFISSIONAL E XADREZ DE RELÓGIO DE PULSO

XXV JOGOS ESTUDANTIS DA CASTANHA 2008
Acompanho o trabalho que muitas escolas realizam na Cidade, confesso que foi uma grande batalha inserir o xadrez nas escolas, algo que foi conseguido graças a compreensão de algumas diretoras de escolas.

Também conseguimos colocá-lo nos Jogos Estudantis da Castanha a partir de 2007. Mas, a inserção nas escolas ocorreu com grande ajuda da Professora Laura, na ocasião trabalhamos em 15 estabelecimentos de ensino e, em alguns deles fizemos mais do que uma capacitação, me lembro de um colégio na Nova Marabá que tivemos 08 turmas, somando esses esforços voluntários, alcançamos em um ano 365 pessoas, a grande maioria estudantes e outra parte professores. Até o município de Itupiranga recebeu aulas de xadrez, com apoio do Professor Ariovaldo.

Se a inserção nas escolas aconteceu fortemente em 2006, seguiu-se de forma moderada pelos anos seguintes tivemos competições escolares, inclusive das Categorias do Sub-10, Sub-12, 14 e 16 anos, nesta empreitada participavam os seguintes estabelecimentos de ensino: Colégio Santa Terezinha, A Fazendinha, Arte e Manhas, São Francisco, Colégio Monteiro Lobato e outros. 

Neste breve histórico, registramos a inserção do Xadrez em 2007 nos XXV Jogos Estudantis da Castanha e, em 2008 nos III Jogos Estudantis de Marabá. Convém registrar que em todas as competições realizadas pelo Clube de Xadrez Marabá, desde a sua fundação sempre adotou-se o uso do relógio de xadrez. Em 2011 o Xadrez em Marabá já era uma febre, presente em 35 estabelecimentos de ensino. 

As escolas que aceitavam as nossas aulas e oficinas, justificavam que os benefícios eram muitos, principalmente na redução da evasão escolar e melhorias significantes no rendimento dos alunos, principalmente em Matemática, mas, sei que poucas pessoas conhecem o trabalho que foi promovido pelo nosso Clube, desde que foi fundado, se não sabem não podem valorizar. 


A RAZÃO DESTA POSTAGEM
Eu me deparei com uma pessoa importante do setor educacional, me disse que quero implantar o xadrez profissional nas competições escolares. Eu refleti bastante sobre a importância desta personalidade e no cargo que ocupa, na declaração categórica dele, pelo menos, ele disse que aprendeu a jogar xadrez em outra cidade. Agora eu penso na bagagem que ele tem de conhecer o xadrez e mesmo a educação onde recebe dignamente seus proventos. E, sobre o xadrez, não concordo em nada com sua afirmação. 

De fato, é preciso esclarecer o que é Xadrez Escolar, Profissional e o de Relógio de Pulso. Isso é novidade, sequer há muitos textos sobre o Xadrez Profissional, praticado por um Profissional, quando mais, do Xadrez de Relógio de Pulso.


XADREZ ESCOLAR
EQUIPE FEMININA DA ESCOLA IRMÃ TEODORA
2011 COM RELÓGIO DE XADREZ AO LADO
Então, o Xadrez foi semeado sem nenhuma gambiarra, com todos os recursos necessários, inclusive com a utilização do relógio de xadrez, essencial nas competições. O interessante é que esse trabalho foi na base, no ensino fundamental, abrangendo muitas escolas da periferia, com alunos em geral. Este trabalho chamou a atenção da Coordenação do Projeto Mais Educação, logo a Professora Laura foi ministrar aulas em 08 escolas da cidade, algumas bem distantes da sede do município. 


Se existe um jogo que pode ajudar uma criança a desenvolver raciocínios e criar relações sociais saudáveis, esse jogo é o xadrez. Jogo de tabuleiro, em que pensar e elaborar estratégias são ações fundamentais para vencer uma partida, o xadrez é um aliado importante na educação infantil.


Os benefícios do xadrez fazem com que o aprendizado da criança englobe criatividade, autoestima e respeito ao outro. Tanto que a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) estimula a prática no ambiente escolar e criou o Comitê 


XADREZ PROFISSIONAL
MAGNUS CARLSEN (ESQ.), CAMPEÃO MUNDIAL
PRÊMIO LIVRE DE IMPOSTOS R$ 3,6 MILHÕES
A alegação do amigo é que eu quero introduzir o xadrez profissional, simplesmente pelo fato de utilizarmos o relógio de xadrez, quando, na visão dele, a cidade só tem o xadrez escolar que é aquele que utiliza o relógio de pulso. Isto é complicado demais. 

Confesso que o tema Xadrez Profissional no Brasil é escasso, poucos artigos há na internet. O praticante não tem nesta atividade uma profissão como é a profissão de professor, por exemplo. Profissão de Profissional de Xadrez não existe. Mas, sei que há pessoas que ganham, no Campeonato Brasileiro de 2016 que distribuiu R$ 20 mil em prêmios, coube ao campeão a importância de R$ 5 mil e é uma competição anual e ponto final.

O melhor jogador de xadrez do mundo deve faturar U$S 3 milhões por ano.  No Brasil precisa ralar muito para faturar de R$ 5 mil a R$ 7 mil por mês e é coisa para poucos, que ainda precisa conciliar aulas particulares com a participação em torneios distantes. O nosso pentacampeão brasileiro e maior estrela do xadrez nacional atualmente, o maranhense Rafael Leitão, afirma que o enxadrista profissional no Brasil não tem estabilidade financeira alguma. Então, se você levar o xadrez como jogador profissional precisa viajar muito, de preferência para os Estados Unidos e Europa. 


XADREZ DE RELÓGIO DE PULSO
VEÍCULO HONDA CIVIC
Voltando a atenção para as afirmações incorretas do nobre amigo acima, sobre a justificativa de usar relógio de pulso e a contagem das peças quando o tempo terminar, para definir um vencedor, esta é uma novidade no cenário marabaense. É como se você tivesse a condição de usar um Honda Civic ou um Toyota Corola e optasse por um Carrinho de Rolimã. 

Na verdade, o xadrez possui todo um ritual próprio e seus pré requisitos, não é com relógio de pulso, nem com a contagem das peças que restam para determinar quem é o vencedor. Daí, uma das palavras mais conhecidas do vocabulário enxadrístico é  o Xeque e o Xeque-Mate. O Xeque Mate é o lance capital que encerra uma partida, significa Rei Morto (o do perdedor), vence quem dá o Xeque-Mate. Isso é o nosso esporte.

O Xadrez de Relógio de Pulso pode até a ser classificado como uma nova modalidade, ainda não existe, mas, é uma pena, é uma realidade que empobrece o Esporte Xadrez, o torna menor e menos importante, quebra toda uma sequência de aprendizado iniciada com a Professora Laura e que formou muitos praticantes na cidade. 

Fontes utilizadas na pesquisa:

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