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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

253 - A CHAGA DA EDUCAÇÃO

Editorial da Revista ISTOÉ


Carlos José Marques, diretor editorial
Fonte: Revista Istoé 2144 de 15 de dezembro de 2010


Extenuante, incompatível com o excepcional momento de avanço do país, a tragédia da educação brasileira – que se arrasta secularmente desde a colonização – continua a exibir sem retoques suas marcas. Na semana passada, de maneira vergonhosa, o Brasil voltou a figurar no ranking do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA). Estava na rabeira! Entre as 65 nações analisadas, o Brasil era o 53º colocado.

Segundo a organização que elabora o levantamento, os jovens brasileiros estão ao menos três anos defasados em relação aos chineses no campo da leitura. A maior parte deles (69,1% do total) ficou no Nível 1 de conhecimentos de matemática, em uma escala com seis graus de pontuação. A qualidade de ensino por aqui se mostrou tão ruim que, entre os 20 mil alunos brasileiros participantes da bateria de provas, mais da metade não passou da primeira etapa. Um desempenho sofrível tanto de alunos de escolas públicas como de escolas privadas. Enquanto a média mundial de pontos no exame girou no patamar de 496 acertos, a brasileira ficou na casa de 401. Demonstração inequívoca de que o País relegou sim a um segundo plano o preparo adequado de seu futuro.

Os candidatos brasileiros apanharam feio e situaram-se atrás de estudantes da Tailândia, do Uruguai, da Colômbia, do Azerbaijão, da Turquia, do Casaquistão, de Trinidad e Tobago, do Chile. É melhor parar por aqui para estancar a humilhação. A síntese do problema chama-se investimento no aprendizado. A capacitação, o conhecimento dos alunos que saem de colégios nacionais e das inúmeras faculdades que não param de aparecer – como caça-níqueis enganosos, vendendo diploma em troca de nada – é, para dizer o mínimo, lamentável. Invariavelmente, os que almejam galgar melhores posições no mercado precisam passar por cursos extracurriculares, quase sempre no Exterior. Curiosamente, hoje no mundo corporativo a grande discussão trata da falta de mão de obra qualificada. Um mal para o qual a única saída é uma mobilização geral – de governantes, instituições de ensino e, especialmente, empresas – que priorize recursos para a área. O diagnóstico da chaga não é novo. Surpreendente é a apatia, o descaso, a quase inércia que toma conta do País diante do mal maior, que conspira contra o seu próprio desenvolvimento.


O MINISTRO RESPONDE


(Texto presente na mesma revista)


TOMA-LÁ-DÁ-CÁ


FERNANDO HADDAD, ministro da Educação


IstoÉ - Por que os estudantes têm dificuldade em leitura e matemática?
Haddad - Apesar dos avanços, é preciso reconhecer que nossa dívida educacional é secular. Por isso, temos apontado a necessidade de trabalhar ainda mais na valorização do magistério.


IstoÉ - O que fazer para tirar o Brasil do fim da fila?
Haddad - Não é bem assim. Enquanto o Brasil melhorou, nossos vizinhos, à exceção do Chile, permaneceram no mesmo patamar de 2000.


IstoÉ - É possível elevar o investimento em educação para 7% do PIB?
Haddad - Entendo que 7% do PIB anual é uma meta factível. No governo Lula, o investimento em educação já evoluiu de forma consistente.


E aí, respondeu? Convenceu-se?

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