Folha de São Paulo
FÁBIO TAKAHASHI - DE SÃO PAULO
ANGELA PINHO - DE BRASÍLIA
Levantamento divulgado ontem pelo Ministério da Educação aponta que o número de alunos de escolas públicas com período integral cresceu 16% em um ano.
Mesmo com o aumento, só 6% dos alunos têm hoje ao menos sete horas diárias de jornada, ante as tradicionais quatro. Plano Nacional de Educação, enviado pelo Executivo ao Congresso, prevê que suba a 50% até 2020.
O Chile, melhor sul-americano em exames internacionais, já tem a maioria dos alunos do ensino médio em uma jornada ampliada.
O MEC avaliou como positiva a evolução apresentada no Censo Escolar 2010. Segundo a pasta, essa modalidade cresce devido a incentivos financeiros às escolas com jornada maior.
"A evolução é positiva, mas preocupa como a jornada tem sido aumentada", diz a pesquisadora da USP Maria Letícia Nascimento. "Em geral, não há projeto adequado para as horas extras."
Em tese defendida na USP, a pesquisadora Ana Maria de Paiva Franco mostrou que quem estuda mais de cinco horas na rede privada alcança melhor nota, mas na pública isso não se repete.
"O desafio para aumentar o crescimento é encontrar professor. Já há dificuldade no tempo parcial, em quantidade e qualidade", disse o presidente da ONG Todos pela Educação, Mozart Neves.
O Censo mostrou também que caíram as matrículas da educação básica, resultado da redução da repetência e da mudança na metodologia, segundo o governo.
O MEC mostrou preocupação com a queda de 7% na EJA (antigo supletivo).
A redução pode prejudicar o país no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que considera a escolaridade dos adultos.
20/12/2010
Folha de São Paulo
NÚMERO DE MATRÍCULAS NO ENSINO PÚBLICO REGULAR CAI 2,54% - CRECHES TÊM ALTA
O número de alunos matriculados na rede pública regular de ensino caiu 2,54% entre 2009 e 2010 (de 39.830.989 para 38.816.041 alunos), somando as matrículas em creches, pré-escola, ensino fundamental e ensino médio. Das três fases de ensino, comparadas isoladamente, apenas as matrículas em creches registraram alta.
Os números são do resultado final do Censo Escolar 2010, publicado nesta segunda-feira em portaria no "Diário Oficial da União". O levantamento é feito anualmente pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), ligado ao Ministério da Educação.
O número de matrículas na pré-escola caiu 4,47% (de 3.717.105 para 3.550.942 matriculados). No ensino fundamental, a redução foi de 3,39% (de 27.612.066 para 26.675.320 alunos). O ensino médio teve a menor redução: 0,15% (de 7.254.184 para 7.242.808 matrículas). Já as matrículas em creche registraram alta de 7,96% (de 1.247.634 para 1.346.971alunos).
Ainda segundo o Censo Escolar, somando a rede regular com a educação para jovens e adultos (EJA) e o ensino especial, o Brasil tem 42,9 milhões de alunos matriculados.
A imagem retratada pelo censo continua sendo a de um funil: o sistema escolar brasileiro tem quase o dobro de alunos nos anos iniciais do ensino fundamental em comparação com as matrículas no ensino médio. De acordo com os dados, coletados entre maio e agosto deste ano, o país registrava 13,4 milhões de matrículas nos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano; com crianças a partir dos 6 anos) e 7,1 milhões de matrículas no ensino médio (1º ao 3º ano).
Os dados do Censo Escolar são coletados pela internet (sistema Educacenso). Segundo o Inep, além de dados sobre matrícula, as escolas enviam informações sobre os professores em regência de aula, as condições físicas da escola e dados sobre cada um de seus alunos, incluindo: nome completo, data de nascimento, sexo, cor/raça, nome dos pais, naturalidade, endereço residencial, necessidades de atendimento escolar diferenciado, utilização de transporte público, necessidades educacionais especiais e rendimento escolar do ano anterior.
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