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domingo, 4 de agosto de 2013

SOBRE O CORDEL, O XADREZ: UMA VIAGEM AO NORDESTE


Estive recentemente em Mossoró e Natal no maravilhoso Estado do Rio Grande do Norte. Pude ver como a cultura local está em destaque, em diversas formas, no artesanato regional presente em toda a cidade, em restaurantes, hotéis, aeroportos e centros de artesanatos. Em Mossoró vi rapidamente o Memorial da Resistência ao Bando de Lampião, evidenciando os feitos do povo se armou e combateu os invasores.

EXCELENTE ATENDIMENTO DO CENTRO DO ARTESÃO

EU NA MONTAGEM COMO LAMPIÃO

Em Natal temos uma riqueza cultural que agrada a todos os gostos e turistas. Trouxe algumas lembranças para distribuir aos familiares e amigos. Nesta Cidade fui recepcionado, e eles fazem isso com todos, com atendentes caracterizadas de Maria Bonita (esposa do Lampião) e com linguagem alegre e sotaque regional me deixaram encantado. Aliás, vi muitos mercados com produtos e artesanatos regionais. 

MEMORIAL DA RESISTÊNCIA DE MOSSORÓ - RN

Em Natal aproveitei o momento, adquiri para uso pessoal uma camiseta com o Cordel de Lampião e, de imediato lembrei-me de alguns sobre o Rei do Cangaço e suas astúcias para enfrentar e fugir de seus caçadores. O termo é realmente este, Lampião foi realmente caçado, conforme consta em vasta Literatura de Cordel. Neste momento  fiquei pensando sobre a existência de algum cordel sobre o xadrez. 


Eu já conhecia um Cordel: Jesus no Xadrez, que gostei e sorri bastante. Mas, na verdade não fala do Xadrez do qual jogamos. Mais é muito engraçado e eu vou postar abaixo para a felicidade de vocês. E, procurando no Google encontrei uma publicação: Xadrez para todos: uma ferramenta pedagógica com uma excelente proposta.

Veja a sinopse publicada pela Livraria Cultura: A meta primordial na edição desta obra é contribuir para o desenvolvimento da educação provocando mudanças estruturadoras. Nosso foco é elevar o nível intelectual de alunos e professores, utilizando o xadrez como ferramenta de apoio visando a provocar ou a facilitar sua compreensão para outras disciplinas. Os conceitos apresentados seguem o rigor necessário, flexibilizando a linguagem apoiada na métrica de cordel, seguindo uma linha inovadora dentro do ensino moderno. O livro apresenta um capítulo especial sobre o Xadrez Randômico de Fischer (também conhecido como Chess 960, Fischerandom Chess ou FR Chess) uma Variante do Xadrez criada pelo Grande Mestre e Campeão Mundial de Xadrez de 1972 a 1975, Robert James Fischer.

O Cordel Do Fogo Encantado nos presenteia com uma produção na internet com um áudio maravilhoso que pode ser motivo de alegria, de risos. Curtam abaixo:

Cordel - Jesus no Xadrez

Este é um cordel do poeta Chico Pedrosa que conta uma situação totalmente inusitada e engraçada numa encenação da Paixão de Cristo.


1
No tempo em que as estradas
Eram poucas no Sertão
Tangerinos e boiadas
Cruzavam a região
Entre volante e cangaço
Quando a lei era do braço
Do jagunço pau-mandado
Do coronel invasor
Dava-se no interior
Esse caso inusitado
2
Quando Palmeira das Antas
Pertencia ao capitão
Justino Bento da Cruz
Nunca faltou diversão
Vaquejada,  cantoria
Procissão e romaria
Sexta-feira da Paixão
3
Na quinta-feira maior
Dona Maria das Dores
No salão paroquial
Reunia os moradores
Depois de uma preleção
Ao lado do capitão
Escalava a seleção
De atrizes e atores
4
Todo ano era um Jesus
Um Caifás e um Pilatos
Só não mudavam a cruz
O verdugo e os maus tratos
O Cristo daquele ano
Foi o Quincas Beija-Flor
Caifás foi Cipriano
Pilatos foi Nicanor
5
Duas cordas paralelas
Separavam a multidão
Pra que pudesse entre elas
Caminhar a procissão
Quincas conduzindo a cruz
Foi e num foi advertia
Um centurião perverso
Que com força lhe batia
Era pra bater maneiro
Bastião não entendia
Devido a um grande pifão
Que tomou naquele dia
Do vinho que o capelão
Guardava na sacristia
6
Cristo dizia: “ô rapaz,
Vê se bate devagar,
Já tô todo encalombado,
Assim não vou agüentar.
Tá com a gota pra doer.
Ou tu pára de bater
Ou a gente vai brigar.
Jogo já essa cruz fora,
Tô ficando aperreado.
Vou morrer antes da hora
De ficar crucificado”.
7
O pior é que o malvado
Fingia que não ouvia
E além de bater com força
Ainda se divertia
Espiava pra Jesus
Fazia pouco e dizia:
“Que Cristo frouxo é você
Que chora na procissão?
Jesus pelo que se sabe
Num era mole assim, não.
Eu tô batendo com pena.
Tu vai ver o que é bom
Na subida da ladeira
Da venda de Fenelon.
O couro vai ser dobrado.
Até chegar no mercado
A cuíca muda o tom”.
8
Naquele momento ouviu-se
Um grito na multidão
Era Quincas que, com raiva,
Sacudiu a cruz no chão
E partiu feito um maluco
Vap-vap e vuco-vuco
Pra cima de Bastião
9
Se travaram num tabefe
Pontapé e cabeçada
Madalena levou queda
Pilatos levou pancada
Deram um cacete em Caifás
Que até hoje não faz
Nem sente gosto de nada
10
Desmancharam a procissão
O cacete foi pesado
São Tomé levou um tranco
Que ficou desacordado
Acertaram um cocorote
Na cabeça de Timóteo
Que até hoje é aluado
11
Até mesmo São José
Que não é de confusão
Na ânsia de defender
Seu filho de criação
Aproveitou a garapa
E deu um monte de tapa
Na cara do bom ladrão
12
A briga só terminou
Quando o doutor delegado
Interveio e separou
Cada santo pro seu lado
Desde que o mundo se fez
Foi essa a primeira vez
Que Jesus foi pro xadrez
Mas não foi crucificado.

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