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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

OS BENEFÍCIOS DO XADREZ AOS ALUNOS HIPERATIVOS

 
 
O XADREZ E OS BENEFÍCIOS AOS ALUNOS HIPERATIVOS
 
Francisco Arnilson de Assis*
 
 
Na sequência da postagem anterior vamos continuar com este texto. E apenas na próxima postagem apresentaremos o artigo: o jogo de xadrez - desenvolvendo habilidades.
 
Nas escolas é possível verificar os potenciais portadores do TDAH, embora, seja necessário um diagnóstico profissional. As escolas bem que poderia oferecer ao aluno já diagnosticado o direito de um ensino diferenciado, com uma grade de disciplinas adaptadas, visando atender as necessidades educacionais do ensino e dos alunos.


Sabe-se que para se obter maior aproveitamento do educando com o TDAH é preciso oferecer apoio, incentivo e ajuda individual. A compreensão e o respeito ao tempo de aprendizagem e suas limitações, a firmeza e o comportamento do professor são fundamentais para uma melhor educação, bem como, a utilização de técnicas e recursos adequados, evitando a exposição do aluno à situações constrangedoras.


Também é muito importante o acompanhamento contínuo de todas as atividades propostas pelo caderno pedagógico. Com o tempo e com este monitoramento perceber-se-á melhoras sensíveis nos aspectos de atenção, concentração, no rendimento escolar e na autoestima dos educandos envolvidos com atividades com o jogo de xadrez.

 
Experiências com o jogo de xadrez desenvolvido com os alunos com TDAH já apresentam bons resultados, ao contribuir o tempo o todo para criação de jogadas, das mais simples às mais complexas, para se alcançar o objetivo proposto que são: capturar peças do adversário, proteger suas próprias peças, atacar o Rei adversário, entre outras. Dessa forma, a prática do jogo potencializa o desenvolvimento de habilidades como: planejamento estratégico (atenção executiva), o manuseio das peças no tabuleiro (atenção seletiva) e a concentração no jogo (atenção sustentada).

 

Ainda desenvolve várias habilidades como atenção (indiscutível para qualquer aprendizagem, é fundamental durante o jogo, dentre outras coisas para que não cometam lances impossíveis), concentração, julgamento, planejamento, imaginação (é necessária para conseguir abstrair o sentido da representação gráfica expressa por uma determinada palavra), antecipação, memória (base de toda e qualquer aprendizagem e no xadrez é requisitada o tempo todo, desde o nível mais elementar de jogo até o mais avançado), vontade de vencer, paciência, autocontrole, espírito de decisão e coragem, lógica matemática, criatividade, inteligência e também é um excelente meio de recreação e de formação de caráter dos adolescentes dando a possibilidade desse aluno progredir segundo seu próprio ritmo (PINTO; CAVALCANTI, 2005), o que foi observado em várias situações, quando da realização das atividades com os alunos da Sala de Recursos.
 

Sabemos que um dos maiores desafios sociais que a educação tem é a integração dos alunos com deficiências e/ou com problemas de aprendizagem e que não existe cura para esses problemas, essas dificuldades são para toda a vida. No entanto estas crianças podem progredir e aprender muito, superando muitas de suas limitações, quando há um suporte pedagógico adequado. Essa proposta com atividades de xadrez para alunos com TDAH apresenta uma sucessão de idéias e metodologias que darão subsídios para o trabalho do professor, enfatizando a aprendizagem com sucesso, do aluno como um todo, trazendo junto ao jogo do xadrez conhecimento em várias áreas, sendo que a atenção focada no jogo irá estimular o interesse pelo estudo. O jogo de xadrez, segundo estudos denomina-se um esporte pedagógico, a sua prática auxilia no desenvolvimento de todas as disciplinas curriculares, melhorando assim o seu rendimento escolar e consequentemente eleva sua autoestima, visto que o TDAH não é apenas um problema comportamental. Pode-se inferir que o jogo tem todos os elementos necessários à aprendizagem, pois ele desafia, desequilibra, descentraliza o pensamento e o comportamento. Estimula a reflexão, a criatividade, a cooperação e a reciprocidade. Jogando a criança vai organizando o mundo à sua volta, vivenciando experiências, emoções e sentimentos, descobrindo suas aptidões e possibilidades, construindo e inventando alternativas.


Aprender e praticar o jogo de xadrez potencializa o desenvolvimento de habilidades, como capacidade de antecipação, planejamento e elaboração de estratégias, proporcionando com isto uma melhora na sua capacidade de fixar sua atenção por um período mais longo e de vislumbrar um futuro. Também pudemos contar com experiências trazidas, as quais foram riquíssimas, visto que vários professores já vivenciam algumas dificuldades em suas escolas estaduais e usam o xadrez para amenizar esses problemas.

 
O jogo é considerado como uma importante atividade na educação de crianças, uma vez que permite o desenvolvimento afetivo, motor, cognitivo, social, moral e a aprendizagem de conceitos, pois jogando a criança experimenta, descobre, inventa, exercita e confere suas habilidades, estimulando a curiosidade, a iniciativa e a auto confiança, proporcionando aprendizagem, desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração da atenção, sendo indispensável à saúde física, emocional e intelectual da criança (HUIZINGA, 1996).


O jogo é considerado uma atividade lúdica que envolve três funções:

1- Socializadora (através do jogo a criança desenvolve hábitos de convivência);



2- Psicológica (pelo jogo a criança consegue controlar seus impulsos);



3- Pedagógica (o jogo trabalha a interdisciplinaridade, a heterogeneidade e o erro de forma positiva, tornando a criança agente ativo no processo de desenvolvimento).


O jogo possibilita o “aprender-fazendo” e para ser mais bem aproveitado é conveniente que proporcione atividades dinâmicas e desafiadoras, que exijam participação ativa da criança.


As relações cognitivas e afetivas, consequentes da interação lúdica, propiciam amadurecimento emocional e vão construindo a sociabilidade. O jogo, compreendido sob a ótica do brinquedo e da criatividade, deverá encontrar maior espaço para ser entendido como educação, na medida em que os professores compreenderem melhor toda a sua capacidade potencial de contribuir para o desenvolvimento dos escolares.


No jogo existem as regras e depois que todos a conhecem têm as mesmas oportunidades, e aprendem a aceitá-las, pois o desafio está, justamente, em saber respeitá-las, esperar sua vez, aceitar o resultado do jogo ou de um fator de sorte que o determine, são excelentes exercícios para lidar com frustrações e, ao mesmo tempo, elevar o nível da motivação (HUIZINGA, 1996).


Para Piaget (1975) nos jogos de regras existe algo mais que a simples diversão e interação, pois, eles revelam uma lógica diferente da racional.
 

Este tipo de jogo revela uma lógica própria da subjetividade necessária para a estruturação da personalidade humana quanto à lógica formal, advinda das estruturas cognitivas. Optou-se pelo Xadrez por uma atividade primordial por excelência, não só por atender às características de desporto, estimulando, entre outros, o espírito competitivo e autoconfiança, bem como, adequando-se às exigências da educação moderna e elevando a auto-estima da pessoa para além do xeque-mate. Por isso sugere-se a utilização do jogo de xadrez como estratégia de intervenção pedagógica para alunos que apresentam TDAH.


A atividade com o xadrez possibilita ao aluno: jogar atendendo as normas, adaptar-se a um código comum, tendo liberdade para criar iniciativas e acatar limites não violando regras (D’AGOSTINI, 2002; TIRADO; SILVA,1996).


O autor é Licenciado em Letras e Literaturas Vernáculas pela Universidade Federal do Pará e escreve a Coluna Xeque-Mate do Jornal Opinião de Marabá, Pará.

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