Prefeito João Salame na Cerimônia de Premiação em 2012, prometeu o Ensino de Xadrez nas Escolas |
Oficialmente o Clube de Xadrez Marabá é a instituição deste esporte, mais antiga no Estado do Pará, tudo começou em 21 de outubro de 1989 com os pioneiros Rubens Carlos Kossatz e Antonio Carlos Silva Almeida e, de lá para cá muitas histórias e vitórias aconteceram. A Cidade deu voltas, o Estado e mesmo o Brasil, pouco avançamos no desporto nacional e mesmo no xadrez.
Em 1989 a vida era diferente para nós, se era melhor eu não sei, talvez tenha sido tempos melhores que os atuais, para muitos foi. Nesta década iniciou-se a extração de minério de ferro em Carajás, em 1985 entrou em funcionamento a Estrada de Ferro Carajás. Foi nesta década que existiu o Garimpo de Serra Pelada. Época em que surgiram em 1988 o município de Parauapebas, Canaã dos Carajás em 1982, Eldorado dos Carajás em 1980, a emancipação política do município de Curionópolis em 1988 e a fundação do Clube de Xadrez Marabá em 1989.
E a agitação da época era o Garimpo de Serra Pelada, verdadeira panela de pressão com a exploração do ouro. De pessoas ficando milionárias de um dia para o outro, de gente morrendo por causa deste precioso metal. As mortes não aconteciam no interior do garimpo, mas, eram causadas por conflitos ali gerados. Nesta época, pós Guerrilha do Araguaia ainda possuía parte de seus instrumentos de controle social e de segurança pública. Aliás, até 1985 Marabá era área de segurança nacional. Estávamos dentro de um turbilhão de fatores históricos e convulsivos de um período em que se instalou o medo e a desconfiança por conta de agentes secretos e do serviço nacional de informações.
Como nos dias atuais, a região era rica em reservas naturais e minerais. Tínhamos o ouro de Serra Pelada e o minério de Ferro de Carajás a serem extraídos, matérias primas que fazia o Brasil ficar mais rico. A exploração do ouro de Serra Pelada chegou ao fim em 1992 deixando uma serra invertida. Se antes apontava para o alto, agora, apontava para o fundo em um enorme buraco que ficou a receber as águas das chuvas.
E o Brasil, galantemente se apropriou das reservas de Ferro da Serra de Carajás, de elevado teor de ferro era um filé para as indústrias mundiais para a fabricação de ferro e de aço. Nós entramos em um cenário menor, da produção do ferro gusa, nada mais que um processo de ajuntamento, de compactar essa matéria prima em um objeto sólido de cerca de três quilos.
O mundo andou e estamos nós aqui a reverenciar o que conquistamos de desenvolvimento de nossa riqueza. Tudo continua precário como antes, nossa gente continua a ver o trem passar, antes ele tinha 60 vagões, depois, 90 e depois 108. Eles avançaram no transporte e aumentaram novamente o tamanho do trem para 196 e 208 vagões. Agora são mais de 300 e dizem até em 400 vagões. Duplicaram a ferrovia que passou a ter duas estradas em paralelo. Vai acontecer o mesmo que Serra Pelada.
O que dizer do Xadrez? Nada mudou. As estruturas de poder em âmbito nacional são efetivadas nas federações. Essas entidades continuam o seu modo de agir do mesmo modo, são instâncias centralizadoras, são comumente instaladas nas capitais e existem apenas por lá. Não há o interesse da descentralização e de agregação de parceiros ou de entidades.
Não dá para escrever sobre a Confederação e as Federações e o trabalho que fazem ou que poderiam fazer. No interior de cada estado, principalmente os de regiões consideradas mais pobres, ou periféricos que é do interior está isolado e desprezado. Fazer parte de um trabalho de uma dita dessas federações é um grande favor pessoal a algum amigo do Rei, quer dizer, do Presidente.
Em 2015 Jackeline Iashmin uma Grande Alegria e uma Indignação
Reunião tratou de propostas. Prefeito prometeu colocar o Xadrez em todas as Escolas |
De modo incontestável a nossa garota prodígio do xadrez estudantil nos deu um grande presente. Nossa Mestra venceu o Jogos Estudantis Regionais realizado em Marabá, tornou-se Campeã Regional e, nas disputas da Fase Estadual conseguiu a coroa do Xadrez Estudantil Paraense e o título de representar o Estado do Pará na Fase Nacional.
Toda essa alegria pessoal, da família, dos organizadores do Clube de Xadrez Marabá revelou o quanto somos pequenos, anões ou miniaturas em nosso Estado. A façanha da garota Jackeline Iashmin pouco importou para o município. Não foi notícia nos jornais locais, não teve um outdoor como aconteceu em Parauapebas em via pública. Não foi reconhecida pela Secretaria de Educação ou pela Secretaria de Esportes, nem da Prefeitura, todos muito ocupados em seus afazeres rotineiros.
Como a gente nunca avança em políticas públicas o Estado do Pará e o município de Marabá aparecem nas estatísticas da violência nacional, coisa muito ruim de se noticiar sobre uma cidade rica e de gente pobre. Falta realmente a preocupação do poder público em olhar o social e nele o Esporte. Se existe uma secretaria de Esportes e de Educação, se existe um Prefeito como aceitar que a nossa campeã não terá nenhum, nenhum apoio para o seu deslocamento até a disputa da Fase Nacional em Londrina?
Uma vergonha para o Prefeito João Salame, Secretário de Educação Pedro Souza, Secretário de Esportes Gaúcho. Vocês precisam olhar o Esporte e apoiá-los como uma política pública. Agora, lembremos todos, em 2012 tivemos uma reunião com o Deputado Estadual João Salame que estava em campanha para prefeito. Prometeu colocar o ensino de xadrez em todas as escolas de Marabá. Após quase três anos de governo a sua excelência não fez nada do que prometeu e, deixar a Jackeline Iashmin de fora das disputas dos Jogos Estudantis da Juventude, em Londrina de 12 a 21 de novembro, evento organizado pelo Comitê Olímpico Brasileiro é mais um fora de seu governo.
E como um ciclo que retorna ao seu ponto de origem, a crise e as dificuldades do passado voltam como um fantasma. Novamente estamos a chorar pelos erros cometidos. Novamente a dificuldade de se promover uma competição de celebrar o aniversário de 26 anos. Até o presente momento não conseguimos força para essa comemoração.
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