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domingo, 17 de janeiro de 2010

113 - APAGÃO CULTURAL OU RISCA FACA


Acerca dos números de violência no município de Marabá, notadamente envolvendo jovens menores de 30 anos de idade, vivemos uma época de muita preocupação, principalmente por parte dos pais ao verem nos jornais, várias vidas ceifadas e não conseguem entender o porquê de tais fatos. A família que hoje vemos já não encontra apoio, argumentos para evitar tantos acidentes e tantas vítimas.


Talvez não esteja plenamente certo dos argumentos que utilizarei neste breve texto, não tem problema, pelo menos lançarei uma pequena luz sobre o drama que vivemos em pleno Apagão Cultural. Como primeiro argumento, levanto a questão da falta de opção para os jovens. O que lhes é oferecido como lazer, cultura e esporte? Quais esportes recebem apoio do governo municipal, estadual ou federal em nosso município? Portanto, não deixamos ou, deixamos quase nada para nossos jovens. Dizem-nos algumas pessoas mais “antigas”, que já tivemos cinema onde tínhamos matinês e toda a cidade se divertia e podia curtir filmes acompanhados de pipoca e refrigerantes. Programas de auditórios, sempre às tardes. Alguém se lembra?


Enquanto a cultura não proporciona, hoje, espaços de diversão e não temos um calendário oficial, tudo é privado e, por conta disto vivemos algo parecido com o cenário da música “Risca Faca”, sucesso regional que mostra o ambiente que muitos dos nossos filhos encontram: “de bar em bar, de mesa em mesa, bebendo cachaça e aquela breja” (...). Assim se diverte a nossa juventude, sempre em ambientes nada revigorantes: “foi no Risca Faca que eu te conheci, dançando, enchendo a cara, fazendo farra, eu nem aí!” (...). Aliás, há muito em jogo e o jovem não consegue discernir o melhor ambiente, a boa música, a boa amizade e os riscos que estão correndo. Se o alcóol impera, estamos próximos de sermos
mais uma vítima da triste estatística do indesejável rotulo de município violento.


Entra ano e sai ano, muda-se as peças e o jogo é o mesmo. Não basta ter um bom secretário de cultura, de educação, de esportes. A cidade continua tomando goles, de bar em bar, ceifando nossos jovens na noitada, com um comportamento perigoso: “ cerveja na mesa, mina do lado curtindo aquele som do Pepe Moreno. Oh bagulho!”, ou seja, doses de atos inconsequentes. Os pais, então, deveriam estar se perguntando: aonde está nossa cultura, nossa história, aonde está nossas opções culturais, esportivas? Por que as escolas estão tão fechadas e não conseguem produzir mentes pensantes?


O esporte é um outro fator que poderia estar aprisionando nosso jovem para uma carreira de futuro. Produzir atletas e acompanhá-los rumo ao cenário estadual, nacional e internacional poderia ser uma meta a ser atingida. Todos os recursos deveriam ser utilizados, inclusive, da iniciativa privada, que deveria demonstrar mais apreço pela cidade que os acolheu e se comprometer com o social, promovendo atividades culturais e esportivas, entre outras. Aliás, para ser o empresário do ano em nossa cidade, ser um destaque empresarial, colocar uma placa de distinção, de consagração pública, não precisa fazer nada a não ser gerar emprego, isto já basta.


Por outro lado, devemos cobrar mais das nossas autoridades para mudar esta situação. Quantos jovens morrerão neste mes de Dezembro, vítima da violência urbana, do apagão cultural? Não sabemos como será nosso futuro com o forte crescimento econômico que virá com o grande empreendimento da Siderúrgica. Uma coisa já sabemos, precisamos melhorar em muitos aspectos: educação, esporte, saúde, cultura, segurança pública e uma melhor política de enfrentamento desta violência. Nosso presídio e cadeia pública já estão superlotados. Aonde colocar mais presos? O CIAM, Centro de Internamento do Adolescente Masculino desde muito tempo pede reforma e ampliação. Não dá conta de receber novas vítimas do apagão cultural que produz novos internos a cada dia.


A imprensa precisa apoiar sistematicamente os diversos segmentos culturais. Há muita gente trabalhando com aulas de música, dança, arte e etc. Não dá para ficar parado olhando essa gente trabalhar, sem apoiá-los. Eles precisam de apoio e não gostam de ser as “ilhas sociais e esportivas” sem apoio governamental, precisa ser um continente, integrada nas políticas de governo.


A imprensa pode e deve dar sua contribuição, precisa reconhecer o verdadeiro significado da palavra esporte: atividade física regular e metódica, como recreação competitiva ou como forma de manter o condicionamento físico, que envolve exercícios de vários tipos, praticados individualmente ou em equipes, ou seja, saber que o Esporte não é apenas o futebol. Ao futebol todo o apoio da mídia e aos demais nada. Não é demais lembrar o “jingle” de uma emissora: “sem “x” não há futebol”. Isto é ser indiferente ao basquete, ao vôlei, ao handebol, ao vôlei de praia, ao caratê, ao xadrez e a outros esportes.


Assim, vou concluir lamentando (não reclamando) a falta de publicação dos eventos enxadrísticos realizados pelo Clube de Xadrez Marabá, com penetração em outros municípios, tudo de forma voluntária, sem fins lucrativos. Fizemos recentemente um torneio em Itupiranga (04/12), outro em Abel Figueiredo (27/12). Desejo, como esportista, que este magnífico jornal possa refletir sobre o Apagão Cultural e Esportivo e a falta de divulgação do Xadrez.


Finalizando mesmo, ainda no roteiro da letra do Pepe Moreno, não foi no Risca Faca que eu te conheci, dançando, enchendo a cara, fazendo marra, eu nem aê.


Veja a letra da músisa:


Risca FacaPepe Moreno
Composição: Biguá/ Pepe Moreno


De bar em bar
De mesa em mesa
Bebendo cachaça
Tomando cerveja...(2x)

Foi assim
Que eu te conheci
Foi assim!...

Foi no Risca Faca
Que eu te conheci
Dançando, enchendo a cara
Fazendo farra, eu nem aí!...(2x)

-"Aê! Mano!
Na noitada, cerveja na mesa
Mina do lado
Curtindo aquele som
Do Pepe Moreno
Oh bagulho!
É Mil! É Mil
É Mil Grau!"

De bar em bar
De mesa em mesa
Bebendo cachaça
E aquela breja...(2x)

Foi assim
Que eu te conheci
Foi assim!...

Foi no Risca Faca
Que eu te conheci
Dançando, enchendo a cara
Fazendo farra, eu nem aí!...(4x)

Eu Nem Aê!





Francisco Arnilson de Assis
Presidente do Clube de Xadrez Marabá

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