PROFESSORES, ALUNOS DE XADREZ DE UMA ESCOLA AMERICANA COM O EX-CAMPEÃO MUNDIAL GARRY KASPAROV |
Atualmente, o xadrez é considerado como arte, esporte e ciência;
com essa tríplice qualidade ele deve ser ensinado.
François Le Lionnais
O atual sistema educacional tem se mostrado com um aproveitamento bem abaixo do esperado. Os problemas na base estrutural ainda foram equalizados. Os atuais baixos salários pagos obrigam nossos mestres a uma dupla jornada de trabalho que, por outro lado, inviabilizam as iniciativas de investimento em maior capacitação e aprimoramento.
O tema Educação é recorrente em nossas postagens, buscamos acompanhar o desenvolvimento do ensino fundamental e médio e, infelizmente com o atual quadro, com o que vem fazendo nossos governantes, ao seguirem uma receita de insucesso, produzem continuamente resultados poucos expressivos. O triste resultado é visível nas amostragens dos IDEB's e ENEM's e, o mais curioso é vermos nossos gestores apontarem melhorias. Por outro lado, em nosso região os números mostram-se bem abaixo da média nacional, as metas de crescimento quase sempre estão abaixo e patinam enganosamente.
Os números comemorados, na verdade, deveriam ser melhor avaliados para uma profunda revolução, uma priorização visando um substancial crescimento. No Estado do Pará na disciplina de Português, para alunos da 4ª série 15% estão com desempenho adequado para a disciplina. É preocupante.
Em Matemática para alunos da 4ª série o quadro fica bem pior, 10,9 %. Ou seja, do jeito que vai, estas crianças tanto em Português como em Matemática terão enormes dificuldades de se manterem em sala de aula.
Olhando a realidade para os alunos da 8ª série, considerando as dificuldades das séries iniciais, a situação fica vermelha. Apenas 13,9% dos alunos conseguem desempenho adequado para a disciplina de Português, ou seja, cai ainda mais a qualidade do ensino que não consegue recuperar àqueles com baixo desempenho.
Na disciplina de Matemática para alunos da 8ª série a situação fica crítica, o percentual cai muito, 6,6% têm desempenho adequado. Assim, o ensino continua apresentando resultados reprováveis caminhando para uma decadência.
De fato, não vemos uma preocupação com esta realidade, uma campanha nacional de melhoramento do ensino público. A preocupação é de apenas movimentar as massas, como a realização da Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. É um investimento absurdo que poderia apresentar uma melhora significativa da Educação ou do Esporte na Educação. Não temos um projeto olímpico para a formação de atletas nas escolas, clubes, academias e etc., e vamos gastar uma fortuna com estes eventos midiáticos.
A continuidade do ensino leva nossos estudantes para o desestímulo, a repetência e abandono das atividades escolares. O índice nacional de aprovação aponta que 87,6% conseguem aprovação no ensino fundamental, 9,6% são reprovados e apenas 2,8% abandonam. Será?
A media nacional de aprovação no ensino médio mostra 77,3% de aprovação, 13,1% de reprovação e 9,6% de abandono. Aqui a evasão escolar mostra-se mais próxima da realidade. Sobre a evasão a preocupação é grande que se verifica o quantitativo de alunos do primeiro semestre e, quantos retornam no segundo. Muitos desistem.
Como disse anteriormente, nossas médias estão bem abaixo dos números nacionais. No ensino fundamental conseguimos aprovação de 83,9%, 10,9% de reprovação e 5,2% de abandono. Portanto, estamos 3,7% abaixo da média nacional. É muita coisa para se recuperar, muita coisa para fazer.
Como o que está ruím pode ficar pior, os estudantes paraenses que chegam no nível médio penam para evoluir. Os números mostram a situação crítica, 69,9% conseguem aprovação, 12,4% são reprovados e 17,7% abandonam os estudos. Aqui podemos avaliar o índice nacional 77,3% e a média estadual de 69,9% ou seja, estamos atrás 7,4%. É muito coisa para alcançar a média brasileira. Também nos chama a atenção a média de abandono do ensino médio da nação de 9,6% e a média paraense de 17,7%, tudo isto nos leva a acreditar que precisamos fazer muito, nos superar muito e trazer nossos estudantes para um nível mais elevado. Aliás, lembro que, o maior capital de uma nação não são suas riquezas materiais, é justamente o seu capital humano, capaz de gerar riquezas intangíveis.
O Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico (IDEB) do ano de 2009 faz uma radiografia, uma comparação com as metas do Ministério da Educação para os três níveis, a saber, da 1ª a 4ª série, da 5ª a 8ª série e do Ensino Médio. E em todos os níveis estamos bem abaixo do preconizado. A meta do Ministério da Educação da 1º a 4º série é de 4,6 e estamos bem abaixo, com 3,8.
O IDEB para o ensino de 5ª a 8ª série é de 4,0. Repare que o índice oficial é bem menor que o do ensino de 1ª a 4ª série, mas, mesmo assim ainda estamos abaixo com nota média de 3,6. Enquanto que, no ensino médio o índice estabelecido é de 3,6 nós estamos com 3,1.
E o analfabetismo? Estamos acabando com o analfabetismo? Esta deveria ser uma das prioridades, acabar com esta mazela social que tantos estragos já fez e faz com a nossa população. O índice de analfabetismo oficial é de apenas 9,6%. Será verdade? E a nossa taxa é de 11,7%.
Este quadro foi apresentado no http://www.cxmaraba.blogspot.com.br/2012/07/educacao-so-o-acesso-nao-resolve-o.html, pesquisa de A Pública http://apublica.org/2012/07/amazonia-1/ que é uma agência independente de jornalismo investigativo sem fins lucrativos e livre reprodução de conteúdo (creative commons) e inspirada em organizações similares de outros países. A conclusão a que chegamos, quanto aos números acima, é que a educação paraense nas disciplinas de matermática e português levou "bomba".
O ensino continua como sempre do mesmo modo. O xadrez poderá, se bem trabalhado nas escolas quebrar muitas destas estruturas de ensino e do modo de se aprender. Para quem ainda não provou do sabor e dos benefícios desta salutar prática esportiva e ferramenta pedagógica, talvez não consiga entender os encantos e as potencialidades já descobertas em outras nações.
Em alguns países da Europa o xadrez está presente no ensino de forma sistematizada. Na Hungria, desde a fase Pré Escolar até a Universidade. Na França existe vários cursos visando a formação de professores e é está nas escolas do Ensino Fundamental e Médio e já faz parte do currículo de algumas universidades desde a década de 70.
No ano de 1979 com a introdução do xadrez nas escolas havia mais de 100 mil crianças atendidas na Iugoslávia. E outras nações abriram as portas para o xadrez nas escolas como Alemanha, União Soviética e etc.
Em alguns países existem universidades de xadrez. Em 1966 o Instituto Central de Educação Física de Moscou criou a Faculdade de Xadrez, cujo curso tem a duração de 04 anos, formando professores para o ensino médio, clubes, sindicatos e outras instituições.
E no Brasil ainda não deslanchou as iniciativas propostas para nossas Escolas.
Por fim, devemos aprofundarmos nossos conhecimentos para enfim, de forma consciente e responsável adotarmos o xadrez em nossas escolas, não como projetos mas, como uma política de governo para tirar o ensino da mesmice.
Francisco Arnilson de Assis
Fontes:
Santos, Pedro Sérgio dos. O que é xadrez. São Paulo : Brasiliense, 2004. (Coleção Primeiros Passos).
Nenhum comentário:
Postar um comentário