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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

512 - A JOVEM RAINHA VITÓRIA (EMILY BLUNT) 2009

A Era Vitoriana é um dos períodos mais importantes da monarquia do Reino Unido e o mais longo (64 anos). No entanto, longe de retratar eventos maiores como a incorporação da Índia, este A Jovem Rainha Vitória preocupa-se com a ascensão repleta de intrigas da jovem rainha, à época com 18 anos, ao trono britânico e seu romance e posterior casamento com seu primo, o príncipe Albert.

Reproduzindo com inteligência e habilidade a instabilidade política fruto do temor do instituto da regência - quando um aspirante à monarquia era impedido temporariamente de assumi-lo, seja pela idade, seja por alguma moléstia -, o roteiro de Julian Fellowes apresenta Vitória (Emily Blunt), completando seu 17° aniversário, e a obsessão de Sir John Conroy (Mark Strong, se tornando o vilão habitual inglês) de se tornar regente.

Com amor incondicional de seu tio, Rei Guilherme (Jim Broadbent em uma curta, mas bela interpretação) e a dúbia dedicação de Lorde Melbourne (Paul Bettany) impedem a concretização dos planos de Conroy.

Jean-Marc Vallée economiza na exposição excessiva e mantém os propósitos de cada personagem sempre em destaque. E mesmo que conte com um plano em que Conroy é visto por detrás das chamas de uma lareira - lugar-comum para registrar a natureza diabólica de um personagem -, ele cria uma boa rima narrativa ao vermos, em dois momentos distintos e importantes, Vitória acompanhada pela câmera por trás de si.

 
Mas, a direção de arte e os figurinos quem roubam, parcialmente, a cena nesta produção de época. Ilustrando traços marcantes da personalidade dos personagens, como a jovialidade de Vitória ou a ingenuidade de Albert em detrimento a segurança de Melbourne ou a sobriedade de Conroy, os figurinos de Sandy Powell, ganhadora do Oscar, são além de belos, reveladores. Não menos inspirada é a direção de arte de Patrice Vermette, nos amplos salões e vultuosas fachadas, nos jardins, mas especialmente na cena da coração que pontuada pela hipnotizante trilha de Ilan Eshkeri é um dos melhores momentos do longa.

A bela Emily Blunt me impressiona cada vez mais com outra grande interpretação. Retratando a rainha como uma garota mimada e intransigente, recém livre do confinamento a que era submetida, porém facilmente manipulável, Blunt revela aos poucos o progressivo amadurecimento político e emocional da rainha. E se Paul Bettany confere um grau de insegurança sempre que seu Lorde Melbourne está em cena - necessário para que sempre duvidemos de seu caráter -, Rupert Friend é apenas enfadonho como Albert, na única má atuação do elenco.

 
Suntuoso na recriação de época ao ponto de tirar o fôlego, e não menos do que ótimo no calibre das atuações, A Jovem Rainha Vitória erra apenas na narrativa, as vezes frouxa, na mudança de interesses de alguns personagens que não soam naturais e na insistência em retratar a história de amor de Vitória e Albert quando seria melhor manter o tom de intrigas políticas na sucessão da monarquia. Ainda assim, um bom filme!

Não apenas a importância histórica e política da Rainha Vitória são retratadas, como também o intenso amor compartilhado com Albert. Talvez esse equilíbrio perfeito no roteiro de Fellowes nos dê uma ótima impressão ao final do filme. Um amor aos moldes de Jane Austen e uma biografia digna de um monarca. O cuidado técnico nos figurinos e em toda direção de arte nos faz viajar para o século XIX e os grandiosos cenários utilizados embelezam ainda mais a trama. Jean-Marc Vallée soube coordenar todos esses elementos acrescidos de uma interpretação maravilhosa de Blunt e um elenco coadjuvante convincente. A Jovem Vitória viria a se tornar a “Avó da Europa“, e eu não me importaria de acompanhar todo resto de sua história.

Curiosidades
- Do mesmo diretor de C.R.A.Z.Y. - Loucos de Amor
- Cada vestido que Emily Blunt usou foi assegurado por 10 mil libras cada.
- Produtora Sarah Ferguson é tataraneta da rainha Victoria.
- Muitas das cenas interiores foram filmadas no castelo Belvoir, em Leicestershire. A cama da cena da lua-de-mel foi usada pela prórpria rainha Victoria quando ela visitou o castelo em 1843.
- Indicado para três óscars

Prêmios
- Venceu o Oscar de Melhor Figurino (Sandy Powell) em 2010.

Elenco:
• Emily Blunt Rainha Victoria
• Rupert Friend Príncipe Albert
• Paul Bettany Lorde Melbourne
• Miranda Richardson Duquesa de Kent
• Jim Broadbent Rei William
• Thomas Kretschmann Rei Leopold da Bélgica
• Mark Strong Sir John Conroy
• Jesper Christensen Barão Stockmar
• Harriet Walter Rainha Adelaide
• Jeanette Hain Baronesa Lehzen
• Julian Glover Duque de Wellington
• Michael Maloney Sir Robert Peel

(Young Victoria, The, 2009)
• Direção: Jean-Marc Vallée
• Roteiro: Julian Fellowes
• Gênero: Biografia/Drama/Histórico/Romance
• Origem: Estados Unidos/Reino Unido
• Duração: 105 minutos
• Tipo: Longa-metragem

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